terça-feira, 16 de agosto de 2016

Capítulo 4: a primeira chuva.

    Cerca de quarenta minutos depois do episódio anterior o ônibus entrava na cidade. Com o clima chuvoso, agora era só questão de escolher um lugar para estacionar e fazer aquilo que eles planejavam. Antes, contudo, tiveram de fechar as janelas para não encharcar o ônibus de água. Neste momento, alguns sentiram um pouco de hesitação pelo frio, pela falta de sentido em se molhar sem nenhum motivo concreto para tanto, mas ao olharem para o lado e perceber pessoas interessantes prestes a se entregar a este momento como eles, resolveram esquecer essa insegurança e fazer o mesmo. Não havia o que temer ali, todos estavam abertos ao novo.

    Em uma praça com algumas árvores, de ruas e algumas construções antigas, Fernando desliga o ônibus, pede para todos se prepararem e respira fundo. Uma atmosfera de incredulidade começa a surgir na maioria deles. Vamos realmente fazer isso? Pensam. Fernando, ao sentir um pouco essa hesitação em seus companheiros, resolve tomar a dianteira. Aciona a abertura da porta do ônibus e imediatamente corre para chuva, sem olhar para traz. Corre, como fizera naquele seu primeiro banho de chuva, pula, grita. Amanda logo pega na mão de Jonas os dois seguem, Gustavo também se anima e vai, seguido por Sandra, Paulo e os demais. Em menos de um minuto estavam todos fora do ônibus, pulando, correndo, se abraçando, olhando bem para aquela nova cidade e seus detalhes através da chuva e sentindo aquele frio misturado com calor humano que o momento estava proporcionando.

    Após algum tempo com aquela sensação de liberdade e alegria, os primeiros viajantes foram se cansando. Mas, quando outros viajantes percebem isso, incentiva-os a continuar. Dessa forma, todo o grupo passa um bom tempo até o animo de todos se exaurir. É chegada hora de entrar no ônibus. Todos encharcados preocuparam-se em ir direto ao segundo andar, pegar as toalhas que haviam preparado previamente, tirar as roupas molhadas, enrolar-se e manterem-se secos. Aos poucos, combinaram para uns trocarem de roupa e outros esperarem. Assim, pouco tempo depois estavam todos no primeiro andar, com roupas secas e uma enorme sensação de paz e alegria provocada pelo momento. Alguns olhavam pela janela, que ainda recebendo os pingos de chuva. Os casais aproveitaram um ao outro para se abraçar.

Não demorou muito a até Fernando consultar a estação meteorológica, se posicionar frente ao grupo e iniciar o diálogo, perguntando como eles estavam se sentindo. Não houve nenhuma reclamação, tudo havia ocorrido como o planejado e efeito foi surpreendente para todos. Fernando então continua:

- Fico muito feliz que este momento tenha sido bom para todos. Olhei aqui e a previsão é que essa chuva não dure até amanhã. Ela parece ter sido uma frente fria incomum nessa região. Vamos aproveita que estamos nessa cidade desconhecida e fazer um passeio por ela. Assim que a chuva acabar, vamos sair e conhecer seu comércio e turismo local. Será quando estaremos prontos para descobrir o próximo destino. Vocês estão de acordo?

Parece uma ótima ideia para todos, portanto, não houve nenhuma objeção. Fernando busca um lugar cômodo naquela cidade para estacionar o ônibus. Enquanto eles esperam o final de tarde passar, conversavam sobre aquele primeiro momento que cada um viveu. Os relatos foram parecidos: sensação de alegria, felicidade, empolgação. E, já no ônibus, um cansaço gratificante misturado com sensação de paz. Até o Jonas, que mais ofereceu resistência ideia, conseguiu se entregar e se envolveu completamente com a situação ao lado da sua esposa, que o embriagava com sua alegria e beleza, amigo e novos conhecidos.

O banho de chuva também foi um momento de descoberta para as outras pessoas. Eduardo não conseguiu controlar sua vontade de interagir com a Juliana. Aproveitou que todos estavam festejando para se aproximar disfarçadamente dela e aproveitar um pouco da sua presença mais próxima. Abraçou-a, pularam e correram juntos acompanhando a todos. Liliane não tirava os olhos do Gustavo, que se perdia em meio às brincadeiras de seus companheiros. Sandra e Paulo aproveitaram bastante o momento, trocaram beijos e incentivaram aos demais a continuar. Luiza observava Fernando interagir com os outros, sem notar em especial a presença dela. Isto a fez ter um breve momento de irritação, mas ela decidiu seguir em frente, esquecê-lo e aproveitar. Ele, por sua vez, realmente estava buscando se entregar ao momento e interagir com o grupo. Colocou na sua cabeça que aquele não era um bom momento pra conhecer pessoas através de interesse romântico e seu principal interesse era o bom andamento da viagem.

No começo daquela noite chuvosa houve uma grande discussão para decidir qual seria o jantar. Decidiu-se por uma lasanha cuja preparação seria coordenada pela Amanda, já que era uma receita da sua família. Os homens foram comprar alguns produtos no supermercado mais próximo enquanto que as mulheres organizavam o que já tinham. Deste modo, terminaram a noite fria com um delicioso e aquecido jantar. Na manhã seguinte, o dia estava apenas nublado. Comeram pequenos pedaços da lasanha da noite anterior e alguns sanduíches para completar. Fernando decide reunir todos para comunicá-los:

- Hoje de manhã eu estava pensando no que fazer nessa cidade, então eu olhei agora a pouco na internet. Lá verifiquei que hoje está ocorrendo um evento de saúde e tecnologia que me interessa bastante a tarde, então pretendo ir nele. Aqui também é lar de um dos museus mais famosos da região, e ele é aberto à tarde. Então quem não preferir ir às palestras comigo podem ir a esse museu, que eu imagino ser um lugar muito bonito. E ai, o que decidem?

- Tecnologia e saúde, é? Que interessante! Vamos Luiza? – Comenta Liliane.

- Claro! É sempre bom estar atualizada para conversar com meus clientes.

- Também vou por esse motivo! – Avisa Gustavo.

- Eu prefiro ir ao museu. Já lido com tecnologia todo dia no meu trabalho, vou variar. – Comenta Eduardo.

- Eu vou com você Eduardo, acho que vai ser um bom lugar para eu e minha esposa passar um tempo juntos. – Diz Paulo. Sandra o abraça e concorda.

- Também vou! Acho que vou preferir andar por lugares bonitos que ficar sentada, sem tirar a importância do conteúdo para quem gosta e precisa dele, claro. – Anuncia Juliana.

- Amor, vamos acompanhar eles? – Pergunta Amanda olhando para Jonas, que imediatamente responde:

- Claro meu amor. Vai ser ótimo passear com você por lá.

Assim o dia foi decidido. Eles fizeram um almoço simples e foram, à tarde, para seus respectivos destinos.







    Eles chegam um pouco antes da palestra começar. Escolhem seus acentos, esperam calados o inicio do evento. Muitas e muitas novidades foram apresentadas. Formas de diagnóstico, tratamento e também prevenção. O grupo que estava acostumado apenas com seus afazeres de poucas novidades, exceto a Liliane que trabalhava com desenvolvimento de conhecimento, fica surpreendido. Luiza e Gustavo, como profissionais de saúde preventiva, imaginam o quanto eles poderia melhorar a vida de seus pacientes com aquelas ferramentas. Fernando pensa em como tudo aquilo se tornou uma enorme indústria, e que de certa forma essa é uma situação inevitável, já que muito havia sido gasto para desenvolver aquilo. Liliane assiste tudo com interesse científico, mas imaginando um dia poder ela mesma fazer uma palestra daquelas com seus estudos. Após não mais que duas horas a palestra acaba. Haverá outra mais tarde, então o grupo decide lanchar e conversar.

    Durante esse tempo, cada um expõe seu ponto de vista. Gustavo e Luiza comentam o quão bom seria ter acesso a aquelas ferramentas, pois muito sofrimento seria evitado. Liliane, entretanto, ressalva todos os custos de desenvolvimento, que ela conhece de perto. Fernando conclui que independente de quão bom seja a tecnologia, o que realmente faz diferença são as relações humanas desenvolvidas no percurso. Ele diz isso exemplificando sua própria profissão, em que alguns engenheiros fazem muito com pouco quando realmente apaixonados pelo projeto. Liliane até chega a concordar, mas ressalva que vontade sem conhecimento não é nada. No final todos entram em acordo que ambos os aspectos são importantes.

    No fim da conversa, Luiza se sente impressionada pelo ponto de vista do Fernando. Objetivo, mas humano, e isso a fez notar ele ainda mais. Talvez valha a pena eu tentar tomar a iniciativa, imagina ela. Liliane, por sua vez, se sente cada vez mais fisicamente atraída pelo Gustavo durante a conversa. Após algum tempo, Liliane convida Luiza para ir ao banheiro, ela aceita, ambas pedem licença e seguem. No banheiro, Liliane comenta:

     - Que interessante essa conversa, não foi?

    - Foi sim. O Fernando é muito inteligente!

    - E o Gustavo é Lindo! – Comenta Liliane, rindo.

    - Acho que essa viagem vai ser um bom momento para nos abrirmos a novas experiências, amiga. – Pensa Luiza em voz alta.

    - Talvez... Mas será que o Gustavo ficaria comigo? Nem que fosse algo só de momento?

    - Você lembra o que a Juliana falou? Por que não pensa mais sobre isso?

    - Você tem razão. – Concorda Liliane, após alguns segundos pensando. – Vou pensar sobre essa possibilidade. – Ambas resolvem voltar para a mesa. Enquanto isso, Gustavo comenta com Fernando:

    - Notou como a Luiza estava olhando para você? Ela é linda cara! Investe nela.

    - Não acho, só foi uma conversa normal. E também não quero que haja clima ruim nessa viagem, não se depender de mim. Quero aproveitar. No final talvez eu a chame pra sair. – Comenta Fernando.

    - Olha... Você quem sabe. Mas que ela tá interessada em você, isso está!

    Neste momento os dois percebem elas voltando e resolvem mudar de assunto. Passaram o resto do tempo conversando sobre o ambiente até que chega a hora da próxima palestra. Durante a caminhada do grupo para o próximo destino, Fernando fica imerso em seus pensamentos, lembrando-se dos momentos que teve há poucos minutos atrás. Começava a pensar que talvez o Gustavo tivesse razão, pois a Luiza sempre parecia estar atenciosa em relação a ele. De qualquer forma, imaginava que a melhor coisa a fazer era manter-se firme na sua decisão de não se envolver tão emocionalmente com alguém até o fim da viagem, pois queria muito que tudo desse certo. Alguns segundos depois, ele saí de sua imersão e olha para o lado. Leva um susto ao ver a Luiza olhando pra ele com um sorriso que o fez gelar a barriga. Ele sorri pra disfarçar e volta prestar atenção no que está fazendo. Logo eles chegam à próxima palestra, que já vai começar.








    Neste mesmo período da tarde, o restante dos viajantes localizavam-se no museu. Lá, de fato, é um lugar muito bonito. No antigo casarão, que tinha um belo jardim na sua entrada, foram instalados modernos equipamentos de segurança e conservação. Tratava-se de uma exposição histórica daquela região geográfica, que mostrava todo o percurso pelo qual seus antigos habitantes havia passado para conseguir torná-la um grande centro social. Os viajantes ficam impressionados com a arquitetura bem detalhada do local, que foi residência do governante de estado daquela época. Enquanto caminhavam e liam sobre as conquistas sociais daquele povo, também conversavam sobre a cidade. O contraste entre o antigo e o novo ali era nítido, o que criava uma atmosfera reflexiva para os visitantes.

    Em certo momento durante a caminhada, numa enorme salão de exposição, os dois casais se separaram de Juliana e Eduardo para explorar o ambiente por conta própria. Eduardo se sente nervoso por estar num momento tão inesperado com a Juliana. Ela, por sua vez, deseja aproveitar o momento para conhecê-lo melhor:

    - E então, está gostando do ambiente? – Pergunta Juliana.

    - Estou achando muito bonito e informativo. – Responde Eduardo. – Eu, que trabalho apenas com tecnologia, acabo tendo uma visão simplificada de tudo o que aconteceu na nossa sociedade.

    - Pois é. Eu lido bastante com pessoas. Pra mim há pouca novidade aqui. Vejo todos esses eventos sociais acontecendo diariamente durante minhas defesas, só que em menor escala e com um pouco mais de apoio das leis criadas por essas pessoas. – Ela se refere às figuras dos quadros e documentos históricos expostos naquele salão, que era uma mostra da história nacional.

    - Saber da história é uma forma de manter isso vivo não é? Eu tinha pouca noção disso. – Fala Eduardo, após um breve período de reflexão. Juliana segue com um aceno afirmativo de cabeça e um pequeno sorriso de orgulho. Eduardo sente que deveria falar alguma coisa para continuar a conversa, quando é interrompido por ela:

    - Você gosta do seu trabalho?

    - Muito. – Responde. – Herdei a paixão por esse trabalho do meu pai, que foi um dos responsáveis por um grande avanço nessa área. Ele teve a coragem de ir aonde ninguém foi, e eu tento carregar comigo esse legado.

    - Deve ser uma tarefa difícil. – Observa Juliana. – Todos esses homens fizeram algo que ninguém fez, mas só conseguiram por ter um contexto histórico favorável. Talvez o mesmo se aplique ao seu pai.

    - Talvez... – Pensa Eduardo. – Eu sou bom na minha área, mas não consigo o mesmo destaque que ele.

    - Você se sente mal por isso? – Ela olha pra ele, que continua olhando firme para aquelas figuras históricas e fala com um tom pensativo.

    - Eu me sinto... Mas por algum motivo eu percebo que eu não deveria mais. Algo está mudando em mim nessa viagem. Percebo que as coisas mudam, naquele tempo não havia o tanto de profissionais que há hoje. Fico pensando se meu pai teria feito o mesmo se a área dele já não estivesse tão desenvolvida. – Ela fica feliz com essa conclusão, e complementa, com um sorriso.

    - E pelo jeito você está tendo coragem para seguir seu próprio caminho. – Eduardo ri, surpreso com a conclusão da Juliana. Sentia-se muito bem ao lado dela, mas ao mesmo tempo intimidado. Resolveu então retribuir a pergunta:

    - E você, como se sente no seu trabalho?

    - Eu gosto bastante. Embora seja bastante cansativo, me causa uma grande alegria vencer alguns processos. O pouco tempo que me sobra, eu corro e faço outros exercícios pra me manter saudável. Gostava de sair bastante pra baladas, mas estou cansada disso!

    - Sair pra festas é algo que eu faço pouco. Não vejo muita motivação pra fazer isso. – Comenta Eduardo. Juliana logo rebate:

    - Pois deveria! A motivação você acaba encontrando lá com as novas pessoas e experiências que você encontra, e é muito divertido e relaxante. Eu estou me cansando mais porque eu sinto que já conheci e fiz tudo o que deveria, e disso só restam boas lembranças e alguns contatos. Quero novas coisas. – Nesse momento, Eduardo começa a imaginar quantas pessoas ela conhece. O que ela buscaria em um homem, se pergunta ele. Ela poderia escolher qualquer tipo de homem, porque ela não estava com um bonitão, como o Gustavo? Preferiu se calar. Momentos depois, os dois escutam a voz da Sandra, ao fundo, chamando-os para prosseguir. Unem-se também a Amanda e Jonas e continuam o tour pelo casarão histórico.







    Anoitece. O grupo aproveita o jantar para comentar sobre as novas experiências do dia. O jantar dessa noite foi simples, arroz com recheio de queijo e presunto, da noite anterior. Conversaram também sobre o que fazer no dia seguinte. Decidem passar a manhã fazendo compras e a tarde ir a um restaurante tradicional da região. O restaurante escolhido não era tão grande, mas era elegante. Servia uma boa variedade de comida, consequência da intensa atividade econômica daquela cidade que diversificava os produtos de preparo disponíveis no mercado. Os viajantes pediram diferentes tipos de pratos. Alguns, por ser sua comida favorita. Outros, por ser a primeira vez que comeriam. Essa refeição seria uma boa pauta de conversa do grupo pelo resto do dia.

Mais tarde, todos estavam contentes e relaxados pelo almoço interessante, sentados em suas poltronas, jogando conversa fora. Fernando então se posiciona na frente de todos e inicia o diálogo:

- O que acharam da nossa primeira viagem, pessoal?

Todos respondem de forma positiva. Alguns elogiaram a oportunidade de conhecer aquela cidade e seus pontos turísticos, outros ressaltaram o quão diferente foi o banho de chuva que aceitaram tomar. No geral, todos estão satisfeitos e alcançando seus objetivos de autoconhecimento e de conhecimento ao próximo, e exalam um animo vindo da expectativa desta viagem, que está apenas começando, ter o potencial de trazer muitas mais novidades. Fernando então continua:

- A próxima cidade que escolhi fica a 20 horas daqui. Existem outras escolhas no radar, mas essa tem a maior probabilidade combinado com uma distancia razoável em comparação as outras. Todos de acordo com a escolha?

Todos concordaram. Eles já tinham confiança na escolha do Fernando em fazer a viagem da certo e imaginavam que não tinham mais nada a acrescentar caso olhassem no radar. Se o fizessem, seria mais por curiosidade que por correção. Fernando então se sente pronto para continuar a viagem. Senta-se no banco de motorista e dá partida para a estrada.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Capítulo 3: preparando-se.

    O dia finalmente havia chegado. Todos, exceto Fernando, já estão reunidos na praça, numa bonita manhã de domingo, com as malas preparadas para algumas semanas de viagem. Ele acaba de chegar dirigindo o ônibus. Os viajantes olham vislumbrados para ele, que parece ter a exata medida para acomodar aquele grupo de dez pessoas. Ao parar, Fernando abre a porta, desce e inicia seus cumprimentos:

    - Bom dia! Fico feliz em vê-los reunidos aqui hoje. Não sei pra vocês, mas sinto-me agora dentro de um sonho tamanho a estranheza do que iremos realizar. Mas acredito que este é o principal sentimento que faz essa viagem ser especial, portanto, espero que tenhamos coragem de embarcar neste sonho de modo a trazermos alguma coisa nova para nossa realidade quando tudo isso acabar. – Fernando abre o espaçoso porta-malas do ônibus. - Acomodem-se bem, pois nossa viagem irá começar!

     Pouco a pouco as malas foram guardadas e os viajantes entraram no ônibus. Já havia sido combinado previamente, através das conversas virtuais, que Fernando iria fazer o curso para obter a licença de direção de ônibus, mas que todos que tivessem experiência com direção estariam convidados a dividir com ele a responsabilidade de dirigir. Algo razoável, já que a maioria da viagem será realizada em estradas, o que exige a realização de poucas manobras por parte do condutor. Após algum tempo, as malas estavam guardadas e todos, após dar uma pequena explorada na parte superior do ônibus, estavam sentados nas confortáveis poltronas de viagem da parte inferior. Fernando então se posiciona ao lado da pequena infraestrutura que ele instalou para ter comunicação com a estação meteorológica, que consiste de um computador conectado à internet e um carregador com carga acumulada para durar alguns dias. Ambos estavam fixados atrás do banco do motorista. Em pé, Fernando inicia sua explicação:

    - Pessoal, essa é a nossa pequena estação meteorológica. Este computador está autorizado a acessar as informações cedidas pela universidade, assim como podemos utilizar o sistema de GPS para nos localizarmos sempre. Quem quiser usar o computador para outras coisas, sintam-se a vontade, mas cuidem para planejarmos sempre o uso das baterias, que serão recarregadas quando descansarmos em hotéis e afins. Vejo que alguns já conheceram o primeiro andar. Como combinado em nossas conversas virtuais, removi alguns bancos e instalei alguns equipamentos de cozinha, como geladeira, fogão e alguns balcões de preparo. Há alguma dúvida? – Todos respondem negativamente. Fernando então respira fundo e prossegue. – Então, hora de sabermos qual é nosso primeiro destino. – Consulta assim a estação. – Bem, aqui diz que há 90% de chance de chover numa cidade que fica a 12 horas daqui indo pela estrada sul. Este é o destino mais próximo que haverá chuva. Todos preparados?

    Todos respondem que sim, e com a resposta Fernando sentiu a empolgação dominando seu corpo. Dirige-se à cadeira de motorista, senta-se, liga o ônibus, sente o motor e dá partida apertando fundo no acelerador. Está iniciada a primeira viagem rumo a uma cidade que eles nunca haviam estado antes, rumo ao desconhecido de emoções que os espera. A primeira viagem rumo à chuva.







    Faz algumas horas que Fernando está a dirigir. Os viajantes trocaram algumas conversas, mas se ocuparam principalmente em refletir sobre o início da aventura e de apreciar as mudanças de paisagem da estrada. Jonas decide ir conversar com seu amigo Fernando, avisa a sua esposa, que estava sentada ao seu lado, e despede-se com um beijo. Ao chegar próximo dele, ele busca um lugar pra se acomodar e inicia o diálogo:

    - E ai cara, o que tá achando da viagem?

    - Um pouco estranha. Mas estou empolgado e curtindo estar aqui, dirigindo e apreciando toda essa nova atmosfera. Também estou ansioso para saber a reação do pessoal quando finalmente nos encontrarmos com a chuva. Vai ser um grande momento nessa viagem.

    - Concordo contigo. Também estou... A Amanda também comentou comigo que está, e pra falar a verdade acho que todos estamos. Vai ser algo complicado pra eu me entregar ao momento, mas quero fazer isso por ela. Acredito que ela vai conseguir sem problemas.

    - Pois é. – Fernando solta alguns risos e complementa. – A Amanda realmente tem uma vivacidade admirável. – Eles continuam conversando sobre a estrada e a localização no GPS quando o Gustavo chega, cumprimenta a ambos e se envolve na conversa. Sandro percebe a pequena reunião e comenta com sua esposa:

    - Amor, olha ali os três rapazes. Só faltamos eu e o tímido ali do canto. Vou lá reunir eles. Porque você não reúne as mulheres também? – Ela olha profundamente para ele por alguns segundos e responde entusiasmada. – Boa ideia! – Assim, Paulo se levanta, convida Eduardo a ir com ele e pouco tempo depois os cinco homens do ônibus estavam reunidos na sua parte frontal. Sandra, neste meio tempo, levanta-se, convida a Amanda, que estava sentada aonde o Jonas havia a deixado, Juliana, que estava sozinha a admirar as paisagens, e todas foram em direção à Luiza e Liliane, que estavam ao fundo conversando sobre suas experiências profissionais na área de saúde.

     Gustavo, ao perceber o grupo feminino se aglomerando na traseira do ônibus, aproveita para iniciar um assunto que já era do interesse dele há algum tempo:

    - E então, vocês dois ai solteiros, se interessaram por alguma das garotas? -Fernando sorri e responde:

    - Estou bastante concentrado aqui na viagem, é bom não misturar as coisas para o clima não ficar estranho.

    - Que bobagem cara! – Retrunca Gustavo. – Dá pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo. É só saber fazer que clima nenhum vai ficar estranho. – Fernando fica calado, pensativo. Gustavo então olha pra Eduardo. – E você cara?

    - Bem... A Juliana me chamou bastante atenção. – E realmente havia chamado. Desde a confraternização Eduardo se pegava pensando algumas vezes nela. E quando ele a viu antes de entrarem no ônibus, sentiu um pequeno frio na barriga por se impressionar com sua beleza. A sensualidade que antes se disfarçava pelo ar profissional agora podia se revelar através das suas roupas casuais, que neste dia em específico eram short, blusa colada com decote simples e alguns acessórios. Ele fez o que pode para tentar disfarçar seus olhares para ela, e pensou ter conseguido. Gustavo então responde:

    - É, eu percebi seus olhares para ela. Ela é realmente uma leoa! Atitude de sobra e uma sensualidade de arrasar. Você vai ter que ralar muito pra domar o coração dessa gata, cara. – Eduardo fica sem jeito e revela:

    - Que isso. Eu trabalho demais. Não tenho tempo pra cuidar do corpo nem para me divertir muito. Uma mulher como ela precisa de um cara que consiga acompanhar o seu ritmo. – Eduardo comenta isso ao constatar que ela cuidava bem do seu corpo praticando alguma atividade física, dada à sensualidade que ela exibia. Ele, por outro lado, gastava a maior parte do seu tempo se dedicando aos seus projetos de segurança da sua empresa, que garantiam a estabilidade do mercado virtual contra os constantes avanços dos crimes virtuais. Era um trabalho duro e cansativo, tanto nos estudos dos avanços teóricos quanto na adaptação deles aos sistemas da sua empresa. Paulo aproveita a oportunidade para compartilhar sua experiência:

    - Olha, se você tiver razão, então talvez você precise mudar um pouco seu estilo de vida. Digo isso porque eu e minha esposa, no começo da nossa empresa, só pensávamos em trabalho. E trabalhávamos muito, gostávamos de trabalhar. Mas aos poucos eu e ela fomos ficando distantes. Um dia eu cheguei pra ela e disse: amor, se continuarmos assim terminaremos apenas como companheiros de trabalho. Foi então que decidimos diminuir nosso ritmo de trabalho, dedicar alguns dias apenas para descansar e cuidar de nós. Concluímos que sim, deixamos de crescer tão rápido quanto poderíamos, mas ainda sim crescemos, e de uma maneira sólida e saudável. Hoje nosso negócio vai muito bem, temos dinheiro pra contratar novos ajudantes sempre que o trabalho nosso trabalho aperta por um longo período de tempo. Resultado disso? Estamos casados e amorosos e, embora tenhamos eventuais brigas por causa do trabalho, imensamente felizes e orgulhosos do que construímos.

    Ao ouvir esse depoimento, Eduardo fica profundamente tocado. Ele lembra que seu pai sempre estava ocupado e que sua mãe, por mais entendesse as obrigações do pai, sentia saudades e acabava o enchendo demais de carinho e atividades por isso. Em conversas com seu pai, ele dizia que não se arrepende do que fez, afinal seu nome entrou na história da segurança computacional. Eduardo, no entanto, sentia alguma coisa faltando. Desabafou, após o término do depoimento do Paulo:

    - Talvez você tenha razão. Vou pensar sobre isso. – Após um breve instante de silêncio, Eduardo resolve dar prosseguimento à conversa. – E você Gustavo, se interessou por alguma? Até aonde eu saiba você também é solteiro.

    - Não. – Responde, rindo. – To buscando algo mais sério, então prefiro ficar na amizade e não me deixar me levar por um simples interesse momentâneo. Já fiz isso demais na minha vida. Quero mudar.

    Eles então continuam a conversar sobre a viagem e suas vidas profissionais por algum tempo. Paralelo a isso as mulheres também estão conversando sobre suas vidas e a viagem, quando a Amanda finalmente resolve tomar a iniciativa:

    - E então, meninas, se interessaram por algum dos rapazes? – Pergunta, com simpatia. A Juliana é a primeira a responder:

    - Achei o Gustavo um gato, mas já estou cansada de homens como ele. Fiquei mais interessada no Eduardo, mas ele parece ser tão tímido que acho que nunca vai chegar em mim! Acho que sou eu quem terá que chegar nele. – responde, com humor. Todas riem, Sandra observa:

    - Ah, teremos muito tempo nessa viagem para resolver isso. – Luiza então toma a frente da conversa:

    - Eu achei o Fernando bem interessante, mas ele parece estar focado demais na viagem.

    - Então por que você não chama a atenção dele? – Pergunta Sandra.

    - Eu mesma não. Estou aqui, ele está me vindo. Se ele não é capaz de me notar então ele não está pronto para me ter!

    - Nossa! Que determinista. – Comenta Amanda, com bom humor.

    - Estou errada? – Pergunta Luiza. Sandra logo responde:

    - Ahhhh, no amor, cada caso é um caso. Só fique de olhos abertos pra você não perder nenhuma oportunidade! – Luiza fica calada, pensativa. Sandra continua. – E você, Liliane?

    - Hunm, o Gustavo realmente é um gato! Mas não busco homens como ele. Busco um homem que goste da mulher pelo o que ela realmente é. Sem contar que eu duvido muito ele ficar comigo. – Juliana logo retrunca:

    - Que nada, amiga! Você precisa se divertir um pouco pra mudar esse pensamento. Você é bonita: se arrume bem e pegue ele de jeito que ele será seu. Já fiquei com muitos homens iguais a ele, todos parecem que pegar geral, mas o que eles buscam é uma mulher de verdade! Tenho certeza que você pode dar isso a ele.

    - Não vou mudar por causa dele. – Teima Liliane. Sandra intervém, achando a situação engraçada.

    - Parece que você e a Luiza combinaram na teimosia. Mudar um pouco não faz mal, principalmente pra melhor!

    - Concordo amiga, bate aqui! – Responde Juliana.

    - Isso ai! – Amanda também entra na onda, levanta as palmas para Sandra bater. Sandra cumprimenta as duas, então a conversa continua sobre algumas experiências de mudança que a Sandra presenciou. Algumas dando certo, outras não. Luiza e Liliane sentem-se tentadas a mudar, mas decidem esperar para conhecer melhor os rapazes.

    Não passou muito tempo até que os viajantes voltassem a seus lugares. Fernando continuou a dirigir por mais algumas horas, então Eduardo tomou sua posição e com isso eles dirigiram oito das doze horas necessárias para alcançar a cidade no dia seguinte. Era noite, decidem dormir. Conseguem adaptar bem os bancos à cama por haver bastante espaço vazio no ônibus. Usaram a cozinha, se divertiram passando a noite falando sobre experiências culinárias, alimentaram-se bem. Ao fim, foram dormir. O primeiro dia de viagem terminou.



  



    Uma linda manhã nasce aonde estacionaram o ônibus. Para quem olhasse aquele céu mal imaginaria que o destino daqueles viajantes é o encontro com a chuva. Todos acordam razoavelmente no mesmo horário, começam suas atividades matinais e logo Fernando anuncia que iria continuar a viagem. Ele liga o ônibus e dá partida para o seu destino, que estava a poucas horas de distância. Durante este tempo um clima de empolgação e ansiedade se instala nos viajantes, mas nenhum deles sabe exatamente como agir. Os casais mantiveram-se juntos, os outros espalhados pelo ônibus. Uns escutando música através de seus telefones, outros apenas apreciando a paisagem.  Após algumas horas de viagem, Fernando foi capaz de perceber seu destino contrastando com o clima ensolarado e de pouca vegetação que predominou durante a viagem: uma cidade, com alguns prédios, muitas construções e um conjunto de nuvens enormes vindos daquela direção já se desfazendo em forma de chuva.

    Fernando chama por Jonas, e quando ele chega, pede para que chamasse todos os outros para aonde eles estão. Com todos reunidos, ele pede para que Jonas assumisse seu lugar no volante. Levantado, ele começa a falar:

    - Bela paisagem não é, pessoal?  - E de fato estavam todos maravilhados com aquela visão que se apresentava. Ele continua. – Nosso destino se aproxima. Eu sei que conversei já conversei individualmente com todos vocês através da internet, mas quero aproveitar este momento para falar pessoalmente sobre o que iremos fazer lá. – fala, apontando para a cidade chuvosa. – Nós vamos nos entregar a este momento incrível que estamos vivendo. Afinal, enquanto a maioria das pessoas corre da chuva, nós estamos fazendo diferente: estamos buscando tudo de bonito e de novo que pode estar lá. Pensem no quanto esperamos, em toda a preparação que fizemos e em tudo de novo que estamos aprendendo ao estar aqui, e se tudo isto vale ou não a pena de ser comemorado. Quando aquela porta se abrir pulem, - Desta vez aponta para a porta. - gritem, corram, divirtam-se! – Todos aplaudiram e festejaram aquele momento, já iniciando o clima de comemoração que Fernando desejava. Tudo estava preparado para o grande momento chegar

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Capítulo 2: confraternização.

    Algumas semanas havia se passado desde que Fernando decidiu fazer a viagem com seus amigos e, para a surpresa de Jonas, os anúncios que ele postou na internet tiveram muitas respostas. Foi de grande satisfação para Fernando atender a estas respostas, pois ele teve a oportunidade de interagir com pessoas novas, algo que acontecia pouco no seu cotidiano. No atendimento ele explicava a elas como, quando e quanto seria a viagem, assim foi fazendo a triagem de pessoas que participariam do evento até chegar à lista final. Esta lista constava de dez pessoas, incluindo ele e seus dois amigos Jonas e Amanda.

Como a data da viagem estava próxima, Fernando resolveu fazer uma reunião para todos se conhecerem. Escolheu um bar de fácil localização, marcou data e hora. Todos da lista o conheciam por foto e pelas comunicações através da internet, então ele imaginou que não seria difícil o reconhecimento. Finalmente o dia havia chegado. Ele, Amanda e Jonas foram os primeiros a chegar. Falaram com o garçom para pedir uma mesa grande o suficiente para todos, não tiveram problemas para conseguir. Sentaram-se, ansiosos. Pediram drinques. Passaram algum tempo fazendo pequenos comentários sobre o bar e a semana quando os primeiros convidados começaram a chegar, um após outro em um curto período de tempo.

Juliana foi a primeira a chegar, usando vestido social preto e sapatilha social, de cabelos louros e pouco ondulados e pele levemente dourada, suas curvas sensuais são amenizadas por sua postura profissional. Havia vindo direto do trabalho.  Em seguida chegou Eduardo, com camisa social, calça jeans e sapato social-esportivo, usava um relógio que denotava alguma classe e também parecia antigo. Barba por fazer, cabelo penteado, sorriso bonito, porém tímido, seu corpo não era extravagante, mas estava bem cuidado.  Ambos logo reconheceram Fernando, dirigiram-se a mesa e apresentaram-se. Fernando recebeu a ambos, acomodando-os e lhes apresentando Jonas e Amanda. Já sentados, começaram a conversar sobre o bar e outras trivialidades enquanto esperavam os demais chegarem. Este rito se repetiu a cada chegada de um novo convidado.

 A próxima a chegar foi Liliane. Com um jeito meigo, intelectual e determinado, usava uma camisa social branca de mangas longas e dobradas, calça jeans e tênis. Também usava óculos e estava de cabelo preso. Não demorou muito até a chegada do Gustavo e, com pouco tempo depois, da Luiza. Ele também usava camisa social, mas apertada graças a sua musculatura trabalhada, bermuda e tênis social. Ela, um vestido vermelho escuro com uma leve textura branca, bolsa e sapatilha da mesma cor com rendas brancas. A cor do vestido combinava com a do seu cabelo ruivo e ondulado. Tinha um olhar firme, mas agia para não chamar muita atenção. Paulo e Sandra foram os últimos a chegarem. Eram um casal com idade um pouco maior que o grupo, mas não tanto a ponto de falta-lhes energia para acompanhá-los. Paulo vestia-se semelhante a Eduardo, porém sem o relógio e estava de barba feita. Já detinha uma pequena barriga da qual não se incomodava. Sandra vestia blusa social de cor clara, calça jeans e uma sandália fechada. Seu cabelo é curto e ela é muito bem humorada.

Fernando vestia-se com uma camisa social azul xadrez de botões e mangas longas, que ele havia dobrado, calça jeans e tênis social. Jonas, por sua vez, vestia-se parecido ao seu amigo, porém usava uma camisa lisa, sem mangas e botões e um relógio bem moderno que Amanda havia dado a ele. Ambos tinham a mesma altura, porém Fernando era um pouco mais pesado que Jonas, que por sua vez tinha um corpo parecido com o de Eduardo. Jonas usava um cabelo cortado com estilo e sempre fazia a barba enquanto que Fernando havia feito barba e cabelo especialmente para aquela ocasião.







 Finalmente todos sentados à mesa, Fernando decide levantar-se e chamar a atenção para dar inicio a confraternização do projeto. Após conseguir, começa a falar:

- Boa noite a todos.  É com grande prazer que eu os recebo para que possamos nos conhecer antes de iniciarmos nossa viagem tão, digamos, inusitada. – Todos riem com o bom humor que ele usou ao pronunciar este último termo. – Espero que hoje possamos nos apresentar, contar um pouco sobre nós, o que nos levou a decidir a aceitar essa proposta de viagem e nossas expectativas. Todos de acordo? – Todos respondem afirmativamente, assim ele prossegue. – Começando por mim: me chamo Fernando e sou engenheiro. O que me levou a idealizar essa viagem, junto ao meu amigo Jonas aqui ao lado, foi a vontade de fazer algo completamente fora das expectativas. Essa viagem nos proporcionará um teor de imprevisibilidade interessante já que nunca saberemos qual será nosso próximo destino. Acredito que esta seja uma boa oportunidade de cada um de nós podermos conhecer um pouco mais sobre nós mesmos e a conviver melhor com o próximo. Espero façamos bons amigos e uma boa viagem. – Ele, ao terminar de falar e para sua surpresa, recebe aplausos. Sem jeito, agradece, decide a ordem de apresentação e se senta. O próximo a se apresentar é Jonas:

- Boa noite. Como o Fernando já adiantou, me chamo Jonas, também sou engenheiro e, na verdade, sou colega de trabalho dele e presenciei quando ele teve essa ideia, inusitada, de viagem. – Ele também pronunciou o termo com o mesmo bom humor que Fernando o usará, provocando as mesmas risadas. – foi ele e minha esposa Amanda que me convenceram a participar dessa viagem. No começo parecia-me uma má ideia, mas agora já me sinto bem mais confortável a prosseguir. Espero conhecer lugares interessantes e ter momentos agradáveis com vocês e, principalmente, com minha esposa. – Assim que ele termina de falar, ele olha pra Amanda para alertá-la que ela é a próxima e senta-se. Ela então se levanta e começa sua apresentação:

- Boa noite pessoal. Eu sou a Amanda, estudei arquitetura por uns períodos mas decidi trancar a faculdade para me dedicar apenas à manutenção da casa e bem-estar do meu casamento com o Jonas. O que me levou a aceitar essa viagem é a oportunidade de conhecer novas pessoas, e, principalmente, pessoas interessantes o suficiente para aceitar o convite do Fernando. Bem, espero fazer amizades e, como o meu amor falou, conhecer lugares interessantes e viver bons momentos. – Ao terminar de falar, senta-se para dar a vez à sua vizinha, que se levanta e inicia sua apresentação.

- Boa noite. Meu nome é Luiza, sou enfermeira. Gosto muito do meu trabalho, gosto tanto que estou com férias acumuladas e estava sem saber como gastá-las. – todos se divertiram com o bom humor que ela usou ao falar isso. – Ao achar o anúncio do Fernando na internet eu pensei: uma oportunidade única para uma coisa que já deveria ter sido feita há tempos! Entrei em contato e aqui estou. Espero me divertir e relaxar bastante nessa viagem e voltar com bastantes histórias para contar aos meus pacientes e alegrá-los. – Olha cordialmente para a sua vizinha avisando-a que havia terminado e senta-se. Agora quem se levanta é a Liliane:

 - Olá pessoas! Meu nome é Liliane, sou doutora em medicina. Assim como a Luiza aqui ao meu lado, tenho de um longo período sem descanso, mas no meu caso é o fim do meu doutorado. Quero fazer alguma coisa diferente agora, que não tenha relação com estudos! O que me levou a aceitar a proposta do Fernando foi o teor inovador dessa proposta. Espero poder extravar toda energia que acumulei pelas horas e horas sentada escrevendo os resultados por todos aqueles pormenores técnicos necessários a uma pesquisa acadêmica. Bem, é isso. Grata pela atenção de todos. – Senta-se, dando lugar ao próximo:

- Boa noite gente! Eu sou a Juliana, prazer em conhecê-los. Sou empreendedora de um escritório de advocacia. Eu viajo bastante para resolver assuntos dos meus clientes. Por estar sempre apressada, normalmente acabo nem saindo do carro para aproveitar os lugares aonde vou, então pensei que esta seria uma boa oportunidade de aproveitar essas férias e conhecer novos lugares com mais calma. Será bom ter a companhia de todos vocês pra tirar um melhor proveito da viagem pela estrada, espero ter boas conversas e não ver nenhum contrato na minha frente para analisar! – Termina com bom humor, provocando o riso em todos. Senta-se contente por ter conseguido provocar risadas a desconhecidos, coisa que raramente ela fazia em seu sério cotidiano. Sandra levanta-se:

- Boa noite!!! – Até então a saudação mais energética da noite – Meu nome é Sandra, estou muito feliz em estar aqui hoje. Possuo uma empresa com meu marido, que está aqui ao meu lado. Parece que somos o segundo casal à mesa, não é isso? Que coisa mais interessante. Ah, parecemos ser os mais velhos daqui também, mas não pensem que menos animados por isso, hein? Pretendemos nos divertir! – Todos, exceto o seu marido, ficaram surpresos com a empolgação dela. – Eu e meu marido costumamos tirar férias uma vez por ano, dessa vez decidimos fazer algo diferente, então não deixamos a oportunidade passar e arrumamos as coisas lá na empresa para aguentar essas semanas fora. Estou ansiosa pela viagem! – Assim finaliza sua apresentação e senta-se. O seu marido levanta-se rindo e inicia a apresentação:

- Boa noite a todos. Minha esposa acabou se apresentando por nós dois. – Conclui em meio aos sorrisos. – Me chamo Paulo, e como foi dito por minha amada esposa, trabalhamos juntos em nossa empresa. Basicamente o que fazermos é proporcionar uma boa comida por um preço acessível para aqueles que precisariam trazer marmitas de casa. – termina a explicação simplificada do seu negócio com algumas risadas - Alguns aqui já falaram estar vindo de uma rotina um pouco estressante, pois estamos na mesma situação. Então esperamos nos divertir, relaxar e porque não trocar boas experiências? Obrigado pela atenção, pessoal! – Senta-se, dando vez ao Gustavo:

- Olá pessoal. Meu nome é Gustavo, sou professor de educação física e personal trainer. Sempre pratiquei esportes e por isso vivi muitas aventuras, mas essa proposta realmente me gerou muita curiosidade. Se tudo der certo, será uma experiência e tanto. Estou gostando bastante do grupo que vejo aqui, perfis diferenciados reunidos em torno de uma proposta inusitada, serão histórias que eu também irei contar aos meus estudantes e clientes.  – acena com a cabeça em direção à Luiza. – Desejo uma boa viagem a todos nós e que esse bom clima que aqui se inicia siga até o fim! – Concluí sua apresentação com um tom desejoso na voz. Chega a vez do Eduardo, o último a se apresentar na mesa:

- Boa noite – a saudação mais tímida da noite – Eu sou o Eduardo, trabalho com desenvolvimento e aprimoramento de sistemas de segurança informatizados. Bem... Gosto bastante dos desafios apresentados por meu trabalho, mas ultimamente tenho desejado desafios em novas áreas do ser humano. Esta proposta pareceu-me desafiadora o suficiente, por isso eu resolvi aceitá-la. Assim como o Fernando, espero que nós todos façamos dessa proposta, aparentemente desconexa dos nossos costumes, uma oportunidade de acrescentar algo de novo e bom a cada um de nós, e esse foi o desafio que eu enxerguei e me fez entrar em contato com ele. Faço minhas as palavras do Gustavo, uma boa viagem a todos nós! – senta-se satisfeito com sua apresentação. Fernando, que está ao seu lado, aproveita que todos estão reunidos pessoalmente para ajustar os últimos detalhes da viagem enquanto os convidados se serviam com comida e bebida. Após isso, finaliza a confraternização com agradecimentos e os convidados começam a se despedir.







Fernando encerra a noite com grande satisfação. Sentiu uma emoção que há muito não sentia: a de estar concretizando algo que nem mesmo ele sabia ser possível. Ele sabia que se posicionou numa situação de constante imprevisibilidade, mas sabia também que tinha reunido pessoas interessadas em transformar essa imprevisibilidade em coisas interessantes. Encontrar os caminhos, por mais difíceis que sejam. O que ele precisava fazer agora para a viagem acontecer é alugar um ônibus apropriado e instalar um sistema de meteorologia no ônibus. Ele utilizou seus finais de semana e alguns dias de folga para concluir essa tarefa antes das férias chegarem: alugou um belo ônibus de turismo, compacto horizontalmente, mas com um potente motor e dois andares. Já para ter acesso à previsão do tempo, ele entrou em contato com as universidades que prestavam serviço de informação às televisões locais e contratou tais serviços. Ele, inclusive, imaginava que pagaria bem mais caro, mas ganhou um desconto dos pesquisadores que forneciam as informações por tamanha curiosidade que tal iniciativa gerou neles e também por não ter fins lucrativos.

Agora só restava esperar pelo grande dia do inicio da viagem começar

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Capítulo 1: não tão sem sentindo assim.

Fernando está sentado em sua cadeira de frente ao computador, com as mãos no teclado, pensando em como resolver o problema que a empresa lhe propôs. Ele não faz a menor ideia de como o resolverá, mas sabe que irá resolver. Isto já havia acontecido tantas e tantas vezes que ele quase já não sente mais prazer neste tipo de desafio. Era uma espécie de desconhecido conhecido, algo que para ele é só questão de tempo. Um trabalho até mecânico mesmo que muitos o classificassem como intelectual. De alguma maneira ele está cansado desta vida. Sempre resolver os problemas da empresa, ganhar seu dinheiro, gastar com entretenimento, viagem para bons lugares, consumo de bons produtos, enfim, toda essa coisa previsível de quem tem poucas responsabilidades.

Nestas ocasiões muitos diriam que é tempo de ele arrumar uma esposa, mas ele já havia tentado e as mulheres que ele conheceu não lhe satisfizeram. Preocupadas demais com a reputação social, ou se tornavam sem graça ou complicavam sem necessidade. Não havia nelas um motivo que o fizesse ir em frente, e então parava, desistia, e assim restava apenas um estranho vazio do qual ele também está cansado. De qualquer forma, ele não se arrepende das pessoas com quem ele já se relacionou e da vida que escolheu ter. Ele gosta desta vida e não deseja jogá-la. Ele só está cansado.

A tarde está muito chuvosa e o som da chuva batendo em sua janela fechada o faz lembrar-se da infância. Naquela época podia brincar na chuva o quanto quisesse, ele era livre para explorar. Sem responsabilidades, suas amizades unicamente serviam para trocar experiências e brincadeiras. Com estas lembranças, resolve levantar. Olha pela janela, a rua quase vazia. Imagina o quão estranho seria se ele voltasse a brincar como criança, o quão mal iam julgar aquela atitude dele. Afinal, já era um homem e tinha acesso a prazeres que a maioria das pessoas valoriza muito e não conseguem acessar pela falta de organização e disciplina que para ele eram naturais.

Para onde esta vida comportada está me levando? Pensou consigo. E, olhando pela janela, o desejo de fazer algo diferente enche seu coração de coragem de ir à chuva e brincar como fazia quando era criança. Hesitante, ele lembra-se do quão cansado estava, e todo este cansado se transforma na energia que o faz sair da janela, pegar a chave do seu apartamento, descer as escadas correndo, passar pela portaria para, finalmente, alcançar o aquilo que tanto está mexendo com ele: a chuva.

Abre os braços e a boca para senti-la tão bem quanto poderia. Sente também o frio da ventania que a acompanhava. Finalmente estava fazendo algo realmente novo, algo completamente fora da rotina e das expectativas que ele havia construído para si como projeto de ser o homem que todos esperam. Resolve se mexer para espantar o frio, mas também para se divertir. Pula nas poças de água, corre pelos quarteirões, admira as árvores balançando com suas folhas molhadas, observa a correnteza do escoamento da chuva pela rua. Passa um bom tempo apreciando sua nova experiência quando, finalmente, sua excitação começa a diminuir.

Molhado, usando um short e uma camisa de manga, no meio da rua, decide retornar para casa. Era um momento estranho, pois começa a pensar o que as pessoas pensariam com aquela atitude e a se perguntar o porquê, afinal, ele tinha feito aquilo. Após algum tempo pensando enquanto caminhava, não conseguiu encontrar uma explicação e sente que foi uma atitude sem sentido. Chega ao seu prédio, sobe ao apartamento, toma um banho e veste roupas secas. Senta-se novamente na sua cadeira de frente ao computador e retoma suas mãos ao teclado.

Ao olhar para tela do computador, de onde deverá nascer seu novo projeto, percebe que alguma coisa estava diferente nele. Talvez porque passou um bom tempo molhado ou porque finalmente fez algo que queria, seu corpo está relaxado e ele descansado. Ao perceber isto, ele esboça um pequeno sorriso e pensa que aquela loucura que ele acabou de fazer, de algum modo, não é tão sentindo assim. Ele se sente pronto para começar a trabalhar no seu novo projeto da empresa e, finalmente, começa.



A reunião de apresentação do projeto que o Fernando tinha preparado acabou. Do lado de fora da sala, esperando que os investidores decidam se aprovam ou não o projeto, Jonas, o melhor amigo de Fernando, inicia um diálogo com ele:

- Parabéns cara, mais uma vez você elaborou um excelente projeto. Não sei como você sempre consegue superar as expectativas. – Diz Jonas, com um tom de admiração.

- Não é tão difícil quando você se concentra apenas no que é importante. A maioria das pessoas tem preocupações bobas, que não levam a lugar algum. Então como eu concentro esse esforço no projeto, acaba sendo natural eu me tornar melhor que elas. – Responde Fernando, com naturalidade e levando seu café à boca. Neste instante olha pela janela e se lembra do ocorrido há poucos dias ante, então olha para Jonas e diz, com um tom de hesitação:

- Cara, eu fiz uma coisa meio estranha há algum tempo.

- O que? – Pergunta Jonas, surpreso.

- Eu estava meio entediado em casa, então olhei para a janela enquanto estava chovendo, me lembrei da minha infância, e isso me trouxe uma vontade estranha: a de ir tomar banho de chuva.

- O que? Tomar banho de chuva? – Questiona Jonas, espantado.  Então Fernando continua seu relato com naturalidade:

- Sim, tomar banho de chuva. Pular, correr, essas coisas. E foi isso o que eu fiz, saí correndo do apartamento e fui tomar banho de chuva. – Nesse momento, Jonas ri tentando controlar para não derramar seu café. Então Fernando continuou:

- É realmente muito estranho. Não que eu queira repetir isso novamente, não seria a mesma coisa. Mas ter feito isso me trouxe um conjunto de sensações que há tempos eu não experimentava. Isto me fez bem.

- Eu até entendo cara – complementa Jonas – minha esposa e eu, esses dias, tomamos um banho de chuva sem querer. No começo ficamos quietos, esperando a chuva passar. Então ela começou a me puxar para chuva, nos abraçamos, nos beijamos. Foi uma sensação ótima.

- Deve ser realmente mais interessante compartilhar esse momento com pessoas. – Comenta Fernando, colocando a xícara de café na boca novamente. Jonas complementa, brincando:

- Pois é. Imagina um grupo de pessoas que vão tomar banho de chuva sempre que chove. Seria muito estranho, mas muito divertido. Haja coragem!

- É... – sussurra Fernando, com um olhar distante como quem estivesse tendo uma visão do futuro – seria divertido... – Jonas percebe que o Fernando estava tendo alguma ideia estranha. Mas foi completamente surpreendido quando Fernando começou a falar:

- E se a gente organizasse uma viagem para tomar banho de chuva?

- O que? Como assim? – Indaga Jonas, muito surpreso.

- Alugaremos um ônibus, viajaremos por ai nas nossas férias e sempre que a gente ver chuva, a gente toma banho nela. Imagina como vai ser divertido! Sempre arrumando um lugar diferente, ninguém vai perceber. Podemos chamar outras pessoas além de nós três e usar as previsões do tempo para saber aonde tem chance de chover.

- Nós três? Você já está incluindo a Amanda nessa? – Pergunta Jonas, assustado.

- Claro que sim. Ela é muito animada, tenho certeza que ela vai se divertir conosco. Vocês estão precisando de férias. Conversa com ela hoje e veja se ela concorda.

- Certo... Eu preciso pensar sobre isso. Mas antes, como vamos chamar mais pessoas? – Fernando passa alguns segundos pensando e responde:

- Faremos um anúncio na internet.

Neste momento a porta da sala de reuniões abre e Fernando e Jonas são chamados para dentro. Os dois se olham decidindo resolver isto depois já que a responsabilidade os chama, mas Fernando sabia que, por mais estranho que isto parecesse, ele faria isto acontecer.






    Jonas chega a sua casa beijando logo sua esposa, a Amanda. Ela sorri, diz para ele se sentar e coloca os pratos à mesa com o macarrão ao molho com verduras que ela havia preparado para os dois. Sorridente, ela pergunta como havia sido seu dia, ele responde que havia tido mais um projeto aprovado. Ela então fala sobre seu dia, que havia lido alguns livros e feito algumas manutenções na casa. Jonas não se sentiu animado com a ideia do Fernando, mas resolve falar sobre isso com ela porque disse a seu amigo que assim o faria:

    - Amor, eu tenho uma novidade pra você.

    - Qual? – Pergunta ela, fixando o olhar nele e se mostrando ansiosa.

    - O Fernando teve uma ideia maluca hoje no trabalho. Ele deseja organizar uma viagem cujo objetivo é tomar banho de chuva! – Respondeu, com uma voz de incredulidade. Amanda logo reage com a mesma incredulidade, mas também com curiosidade:

- Como assim? - Ela conhece o Fernando há algum tempo através do Jonas, e sabe que ele, embora tenha algumas dificuldades de se relacionar, é bastante inteligente. Jonas então explicou toda a conversa que ele teve com o Fernando sobre o assunto, e finalizou:

- Então, foi assim que surgiu a ideia de organizar essa viagem. Loucura não é? Eu estou falando a você porque disse a ele que faria, não sei aonde ele arruma tanta criatividade.

- Eu gostei da criatividade dele. – Responde Amanda, colocando a mão no queixo e olhando para o vazio.

- Sério? – Reage Jonas.

- Sim. Estamos precisando de férias, não é? Estou cansada de viajarmos sempre para os mesmos lugares e quase não temos companhia. Vai ser bom conhecer pessoas novas.

- Eu gosto dos lugares para onde vamos. Não sinto a necessidade de mais pessoas conosco. Estar com você é o suficiente pra mim.

- Oh meu amor, pra mim também é. – Amanda começa a falar com mais carinho enquanto se levanta e vai em direção a Jonas – estar com você é muito importante pra mim, tanto é que você estará ao meu lado lá o tempo todo. Não quero deixar de viajar a sós com você, só quero fazer alguma coisa diferente algumas vezes. – Abraçando-o ao terminar de falar. Jonas se sentiu um pouco triste ao saber que sua esposa tinha desejo de conhecer outras pessoas, que só ele não a bastava assim como só ela o bastava, mas o abraço dela o fez se sentir seguro e o levou a pensar que talvez ela tivesse razão, poderia ser bom conhecer pessoas novas:

- Está certo. Vamos fazer isto. – Disse Jonas.

Amanda sorri. Jonas se levanta, pega o telefone e avisa ao seu amigo que ele e sua esposa haviam concordado com o plano.

- Ótimo cara! Vou começar a preparar o anúncio da viagem e colocá-lo na internet. – Responde Fernando, ao telefone, com voz empolgada.

- Você não se preocupa com o tipo de pessoas vão responder a esse anúncio? – Pergunta Jonas, preocupado, enquanto olhava para Amanda.

- Por um instante eu me preocupei com isso, mas então lembrei que o anúncio vai pedir uma colaboração em dinheiro para ajudar no aluguel do ônibus e mantimentos. Não acredito que alguém vá investir numa ideia tão maluca quanto esta para fazer maldade. Além do mais, vou fazer uma pequena investigação sobre as pessoas que aceitarem a proposta pra gente estar preparado caso aconteça alguma coisa.

- Certo. Vou explicar isto a Amanda. Mande notícias, abraços. – falou Jonas ao telefone, aliviado. Fernando responde e desliga. Imediatamente ele vai para frente do computador e inicia seus esforços para começar a viagem. O anúncio, o aluguel do ônibus e dos equipamentos que vão usar. Ele desejava organizar tudo antes que os tempos de férias chegassem. Sentia-se empolgado como há tempos não acontecia.